UM DOS TRÊS MELHORES CANIS DE DOGUES ALEMÃES ARLEQUINS DO BRASIL EM 2011
One of the top three Great Danes kennels Harlequin Brazil (Dogshow 2011)
MELHOR CANIL DE ARLEQUINS DO NORDESTE DO BRASIL NOS ANOS DE 2004; 2005; 2007; 2011
Best Great Danes kennel in northeastern Brazil in de yars 2004; 2005; 2007; 2011 (Dogshow)

sábado, 24 de julho de 2010

Superalimentação e desenvolvimento do esqueleto de cães da raça Dogue Alemão: aspectos clínicos e radiográficos

Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia
Print version ISSN 0102-0935
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec. vol.58 no.4 Belo Horizonte Aug. 2006
doi: 10.1590/S0102-09352006000400010
MEDICINA VETERINÁRIA
Estudou-se o efeito da superalimentação no desenvolvimento do esqueleto de 14 cães da raça Dogue Alemão, utilizando dieta hipercalórica (ração super-premium) associada ao método de alimentação à vontade. Os animais foram distribuídos em dois tratamentos, sendo a ração fornecida à vontade ou restrita. O consumo de alimento foi registrado diariamente e realizaram-se, mensalmente, radiografias do cotovelo e, bimestralmente, do ombro, do quadril e do carpo, visando acompanhar alterações do esqueleto, especificamente quanto ao aparecimento da osteocondrose do ombro e da metáfise distal da ulna, da osteodistrofia hipertrófica e da displasia coxofemoral (DCF). Ao final do experimento, seis cães do grupo que recebeu alimentação à vontade apresentaram-se gordos (87,7%) e um animal obeso (14,3%). Do grupo de alimentação restrita, três filhotes mostraram condição corporal ideal (42,8%), e quatro apresentaram-se magros (57,2%). O exame radiológico revelou alterações compatíveis com o diagnóstico de DCF nos dois grupos; nos alimentados à vontade, a prevalência foi de 51,1% e nos restritos, de 28,6%. A osteocondrose na metáfise distal da ulna, conhecida como retenção do núcleo cartilaginoso, foi observada apenas nos cães alimentados à vontade (57,1%). A superalimentação provocada pelo método de alimentação à vontade, associada com dieta de alta palatabilidade e alta densidade energética em filhotes da raça Dogue Alemão, induziu ao aparecimento de osteocondrose na metáfise distal da ulna e de displasia coxofemoral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No grupo que recebeu alimentação à vontade, o consumo excessivo de alimento foi alcançado utilizando-se uma dieta à base de ração extrusada comercial seca, de alta palatabilidade, rica em proteína bruta com densidade energética relativamente alta, associada ao método de alimentação à vontade. Esse método de alimentação é usual entre os criadores e proprietários de cães, principalmente de raças gigantes ou de porte grande, que procuram taxa máxima de crescimento no menor tempo possível. Doenças de conformação óssea são mais comuns em raças gigantes e de grande porte, nas quais a prática de alimentação à vontade pode resultar em ganho de peso excessivo (Hedhammar et al., 1974; Alexander e Wood, 1987; Lepine e Reinhart, 1999).
No grupo de alimentação restrita, a quantidade da dieta foi ajustada semanalmente de acordo com o recomendado pelo fabricante, levando em consideração o peso e a idade dos animais. Estes cães consumiram menor quantidade de ração, e o ganho de peso foi inferior em relação aos filhotes do grupo de alimentação à vontade.
Houve alteração significativa (P<0,01) no consumo médio semanal de ração entre os animais dos dois grupos. O consumo dos animais alimentados à vontade foi superior ao dos alimentados com restrição. Os valores apresentaram oscilação com aumento gradativo de forma linear e uniforme. Em 27 semanas de experimento, a diferença entre os cães alimentados à vontade e os com alimentação restrita foi de 405,49kg, aproximadamente 57,92kg por animal/dia ou 306,46g por animal/dia (Tab. 2).



Verificou-se diferença (P<0,01) no ganho médio total de peso entre os grupos. Nas primeiras semanas do experimento, os filhotes já começaram a apresentar diferenças físicas e, ao final do experimento do grupo de alimentação à vontade, seis cães apresentaram-se gordos (85,7%) e um obeso (14,3%). No grupo de alimentação restrita, quatro estavam magros (57,2%) e três com condição corporal ideal (42,8%). Estes resultados corroboram os obtidos por Dämmrich (1991) em estudo com filhotes da raça Dogue Alemão alimentados à vontade, que apresentaram, aos seis meses de idade, o dobro do peso dos animais alimentados de forma restrita.
A alta porcentagem de cães magros foi resultado da elevada taxa de restrição alimentar imposta aos animais deste estudo, em média 42,5%, superior aos 20 a 30% descritos por Hedhammer et al. (1974) e Kealy et al. (1997).
Richardson e Toll (1997) indicaram o método de restrição de alimento para filhotes em crescimento para adequar a taxa de crescimento às condições corporais ideais. Entretanto, para esses autores, o método restrito de alimentação deve ser acompanhado por uma avaliação clínica do peso corporal dos filhotes em crescimento, e o ajuste da quantidade fornecida da ração deve ser feito caso seja necessário. Esse tipo de ajuste não foi levado em consideração neste experimento.
Os filhotes, com o passar do tempo, consumiram menor quantidade de ração por unidade de peso corporal, o que pode ser atribuído à menor necessidade de nutrientes e energia na fase final do crescimento. Segundo o NRC (Nutrient... 1985), a necessidade energética de um filhote diminui à medida que o seu peso aproxima-se do peso do adulto. A diminuição do consumo de ração em relação ao peso corporal, em animais alimentados à vontade, também foi observada por Alexander e Wood (1997).
Nos filhotes dos dois grupos, não foram encontradas lesões compatíveis com osteodistrofia hipertrófica.
O exame radiológico revelou alterações compatíveis com o diagnóstico de DCF nos dois grupos. A prevalência da displasia foi maior nos cães alimentados à vontade 57,1% versus 28,6% nos filhotes sob restrição alimentar. Esses dados confirmam os de Hedhammar et al. (1974), em que os animais alimentados à vontade, quando comparados aos com alimentação restrita, apresentaram maior incidência de doenças do esqueleto, relacionadas com o crescimento, dentre elas a DCF. Observações semelhantes também foram feitas por Kealy et al. (1997), em estudo sobre a influência da quantidade de calorias ingeridas por um grupo de cães alimentados à vontade e outro recebendo 25% a menos de alimento. Os autores observaram que, aos dois anos de idade, 66,7% dos animais alimentados à vontade apresentavam DCF e apenas 29,2% dos que receberam alimentação restrita mostraram a alteração.
Os resultados revelaram que os irmãos dos animais do grupo de alimentação restrita que foram alimentados à vontade apresentaram DCF em classificação mais avançada. O cão nº 16 do grupo de alimentação restrita foi apenas suspeito de DCF, e o seu irmão nº 8, do grupo de alimentação à vontade, atingiu maior peso corporal ao final do experimento e foi classificado como portador de DCF grave. Esses resultados estão de acordo com Tomlinson e Mclaughin (1996) e Bennett e May (1997), que citaram que o excesso de peso favoreceu a manifestação e a gravidade dessa doença.
Em relação à osteocondrose do úmero, as radiografias revelaram lesões em um filhote de cada grupo. No grupo de alimentação à vontade, o cão nº 1, aos seis meses de idade, apresentou irregularidade compatível com osteocondrose na porção dorsocaudal da cabeça umeral e claudicação aos cinco meses de idade que cessou aos seis meses de idade, sem qualquer tipo de interferência terapêutica. Aos oito meses de idade, esta já não estava mais presente. O cão nº 11 do grupo de alimentação restrita apresentou irregularidade semelhante no mesmo local e com a mesma idade, sem sinais clínicos. Esta lesão persistiu até o término do experimento.
O aparecimento dessa doença neste local confirma que um dos sítios de predileção para a manifestação da lesão é a porção dorsocaudal da cabeça umeral (Krook, 1988; Oliveira, 2001; Sturion et al., 2001). A idade de aparecimento dessas alterações é semelhante à observada por Bennett e May (1997) e Sturion et al. (2001), que relataram que os sinais clínicos geralmente ocorrem entre os cinco e 10 meses de idade.
A osteocondrose na metáfise distal da ulna, conhecida como retenção do núcleo cartilaginoso, foi observada apenas nos cães alimentados à vontade, na freqüência de 57,1%. O cão nº 2 apresentou essa lesão aos quatro, cinco e seis meses de idade, o nº 3 aos quatro e cinco meses, e os cães nº 7 e nº 8 aos quatro e cinco meses de idade, respectivamente. Aos sete meses de idade, essas lesões não estavam mais presentes na metáfise distal da ulna desses animais.
Aos quatro meses de idade, o cão nº 2 apresentou febre (40ºC), claudicação dos membros anteriores, dor e aumento de volume em todas as articulações dos membros e rubor das articulações carpo-rádio-ulnar, e as mãos começaram a rotacionar lateralmente. Os sinais e os sintomas desapareceram espontaneamente após duas semanas. Este cão voltou a claudicar novamente aos cinco meses de idade, por pouco tempo, o que foi resolvido sem qualquer tipo de medicação. O aprumo aos seis meses de idade estava normal. Esse quadro clínico foi compatível com osteodistrofia hipertrófica, mas, radiograficamente, aos quatro, cinco e seis meses de idade, foi encontrada apenas a lesão de retenção do núcleo cartilaginoso na metáfise distal da ulna. Os cães nº 3, 7 e 8 não manifestaram clinicamente qualquer sinal de claudicação ou dor nas articulações.
As lesões de osteocondroses detectadas pelas radiografias coincidiram com o período de alto consumo de alimento em relação ao peso corporal e maior taxa de ganho de peso. Esses resultados estão de acordo com as informações de Hedhammer et al. (1974), que sugeriram existir uma associação entre a alta ingestão de calorias e o aumento do risco de desenvolver osteocondrose, devido à aceleração da taxa de crescimento. Também para Leighton (1997), o período de rápido crescimento dos cães de porte grande ou gigante coincide com a alta taxa de ossificação endocondral.
O consumo diário de cálcio (mg) em relação ao peso corporal (kg), na primeira metade do experimento, foi de 577mg/kg e 422mg/kg pelos cães do grupo de alimentação à vontade e do grupo de alimentação restrita, respectivamente. Os cães alimentados à vontade excederam em 257mg o consumo de cálcio em relação ao citado no NRC (Nutrient... 1985), que é de 320mg/kg de peso corporal. Os animais sob restrição alimentar consumiram, em média, 102mg de cálcio por quilo de peso corporal a mais que o recomendado pelo NRC (Nutrient... 1985). Analisando esses dados, foi possível inferir que o consumo excessivo de cálcio pode ter sido um dos fatores que influenciaram no aparecimento da osteocondrose e que, de acordo com estudo realizado por Goedegebuure e Hazewinkel (1986), os animais que receberam alta quantidade de cálcio na dieta apresentaram a retenção do núcleo cartilaginoso com mais freqüência e gravidade nos sítios de predileção (costela, região proximal do úmero, região distal do rádio e da ulna, região proximal e distal da tíbia). Hazewinkel et al. (1991), em trabalho realizado com filhotes da raça Dogue Alemão, utilizando diferentes níveis de cálcio, concluíram que o excesso de cálcio exerce influência na ossificação endocondral.
O desaparecimento das irregularidades, na porção dorsocaudal da cabeça umeral e nas metáfises da ulna, pode ser explicado pela cura espontânea, que ocorre quando não há o alargamento da espessura da cartilagem (Hazewinkel et al., 1984).

CONCLUSÕES
O método de alimentação à vontade induz ao consumo excessivo, favorecendo maior ganho de peso e, conseqüentemente, maior predisposição de manifestação da DCF e osteocondrose. A restrição alimentar é um método eficaz na prevenção do surgimento da osteocondrose e na redução da severidade da DCF

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